Pesquisar este blog

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Vertigem - um dos principais sintomas da Labirintite



A vertigem, um dos principais sintomas da labirintite, atinge 33% das pessoas em algum momento da vida. O que pouca gente sabe é que a doença pode ser resultado da má alimentação e até do estresse
De repente, o mundo começa a girar. Você perde o equilíbrio, enjoa, transpira muito e sente um tremendo mal-estar. Foi isso o que aconteceu recentemente com a jornalista Fátima Bernardes durante a apresentação do Jornal Nacional. Ela teve uma crise labiríntica, ou labirintite, como é popularmente conhecida. A doença é causada por uma alteração na parte interna do ouvido, mais especificamente na região conhecida como labirinto.
Para entender tintim por tintim o que acontece, é preciso primeiro conhecer a anatomia do ouvido interno. Ele é formado pelo vestíbulo e pela cóclea, estruturas responsáveis, respectivamente, pelo equilíbrio e pela audição — juntos, formam o labirinto. As células que existem nessa região se comunicam com o sistema nervoso central.
Quando são atingidas por qualquer infecção — que pode ser causada por vírus, bactérias e até pela in gestão de antiinflamatórios sem orientação médica —, elas emitem informações distorcidas para o cérebro. A reação a esses sinais do labirinto doente vem na forma de tontura, causando uma falsa sensação de que a própria pessoa ou as coisas à sua volta estão rodando.
As crises mais fortes podem ser acompanhadas de enjôos, vômitos, suor, palidez e desmaios. Sem falar que a inflamação gera um tremendo zumbido no ouvido. “Nos casos mais graves há perda de memória, dificuldade de concentração, fadiga física e mental, além do comprometimento da audição”, revela Arnaldo Guilherme, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


Mal da vida moderna

    Antes comum apenas entre os idosos, a doença está atingindo cada vez mais jovens. Pesquisa realizada na Unifesp mostra que a vertigem, o principal sintoma da labirintite, é a sétima queixa entre as mulheres e a quarta entre os homens. Acomete 33% das pessoas em alguma época da vida. Na terceira idade, os casos são ainda mais freqüentes, atingindo 65% dos maiores de 65 anos.
Esse aumento de casos, atualmente, ocorre parte por culpa da vida moderna que, com a agita ção das grandes cidades, impõe o hábito de uma alimentação incorreta e gera muita tensão. O labirinto é uma região muito sensível e acaba sendo afetado por pequenas mudanças no metabolismo, por problemas que acometem outras partes do corpo e até pelo estado psíquico da pessoa.
Segundo Raquel Mezzalira, otorrinolaringologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma simples otite (inflamação no ouvido), assim como complicações decorrentes de meningite e herpes zoster, só para citar alguns exemplos, afetam o seu equilíbrio e podem detonar a labirintite. Por isso, os médicos têm dificuldades na hora de fazer o diagnóstico. A vertigem pode aparecer antes mesmo da crise de labirintite começar.
O paciente chega ao consultório se queixando de vertigem, sem apresentar um quadro específico de labirintite. “Hipertensão, diabetes, traumatismos, problemas na coluna cervical, alterações da tireói de, aterosclerose, estresse crônico e hábitos de vida — como tomar muito café, beber álcool, usar drogas ou fumar — podem levar à doença”, explica o médico Arnaldo Guilherme, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Por isso, as causas da vertigem são tratadas primeiro para depois o médico se ocupar do ouvido.
“Se a causa da descompensação do labirinto for uma anemia, deve ser tratada antes para resolver a tontura do paciente”, explica a otorrinolaringologista Sônia Gonçalves Milléo, diretora do Instituto de Pesquisa Aplicada em Medicina, do Paraná.
O tratamento varia conforme a causa da vertigem. Há casos em que o paciente toma remédios, de vasodilatadores até antidepressivos. Outras situações exigem reabilitação por meio de exercícios, uma espécie de fisioterapia para restabelecer o equilíbrio.


DEZ DICAS PARA EVITAR UMA CRISE

1. Coma menos e mais vezes durante o dia — a cada três horas é o ideal. Assim, você evita o excesso de comida e assegura o aporte contínuo de açúcar e oxigênio para o ouvido interno.
2. Não exagere no sal e no açúcar. Esses alimentos interferem no balanço de sódio e potássio nas células, o que provoca um aumento de pressão na região do labirinto.
3. Não abuse de massas, embutidos, carne vermelha, chocolate e gorduras em geral.
5. Evite café, chá, refrigerantes com cafeína, cigarro e álcool. Eles são considerados agendes desencadeantes da labirintite.
6. Não tome medicamentos sem orientação médica e em situações em que haja alteração de pressão repentina (barotrauma) como, por exemplo, subir e descer montanhas, andar de avião ou mergulhar.
7. Não leve uma vida sedentária. Os exercícios estimulam a circulação e o bem-estar de todo organismo. Tente caminhar de 30 a 40 minutos todos os dias.
8. Beba muito líquido, no mínimo oito copos de água por dia. Os líquidos estimulam o bom funcionamento dos rins, o que elimina as toxinas acumuladas no corpo.
9. Fique longe do excesso de barulho e do estresse. A tensão e a ansiedade podem desencadear uma crise.
10. Trate doenças como hipertensão, hipertireoidismo, alterações hormonais, diabetes e obesidade, que deixam o corpo mais predisposto à labirintite.

FONTE: WALTER SEDLACEK MACHADO, CHEFE DO SERVIÇO DE OTORRINOLARINGOLOGIA DO HOSPITAL MEMORIAL FUAD CHIDID, NO RIO DE JANEIRO

Alta tecnologia
Quando é difícil fazer o diagnóstico da causa na consulta, a saída é recorrer aos exames. Alguns simples, como audiometria, usada para checar deficiências auditivas, ou mesmo os laboratoriais (hemograma, glicose, etc) já dão conta do recado. Mas o médico também pode recomendar opções mais sofisticadas, caso da posturografia computadorizada. De nome complicado, o exame é feito com aparelho batizado de Unidade de Reabilitação do Equilíbrio (BRU, na sigla em inglês), dotado de um par de óculos 3D. Ligado a um computador, ele recria situações do dia-a-dia que provocam o desequilíbrio, como subir e descer escadas e movimentos bruscos do corpo.
A simulação serve para registrar o nível de instabilidade da pessoa. A partir dos resultados mapeados pelo computador, o médico desenvolve um programa de reabilitação específico pa ra cada paciente.
O otorrinolaringologista Luiz Lavinsky, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, é o primeiro a usar o BRU no Brasil. E está satisfeito. “O aparelho permite definir estímulos que serão utilizados nas sessões de reabilitação, o que motiva tanto pacientes quanto os profissionais”, confirma.

FALSO OU VERDADEIRO?
Veja aqui alguns mitos e verdades sobre a doença

É MITO

A labirintite não tem cura.
Tem sim. Mas é preciso atacar primeiro a causa para depois recorrer ao tratamento específico do labirinto, com medicamentos, reabilitação vestibular (exercícios para o restabelecimento do equilíbrio) e mudança de hábitos, com alimentação balanceada e atividade física regular.

É melhor fazer um tratamento com otorrino do que com o neurologista.
Existem causas de vertigem associadas diretamente a problemas no sistema nervoso. Neste caso, o tratamento fica por conta do neurologista. O otorrinolaringologista deve intervir quando há comprometimento do labirinto. Mas há ocasiões em que ambos devem agir.

A doença está ligada às alterações da articulação temporomandibular (ATM).
Essas alterações podem causar tonturas, zumbidos e sensação de ouvido tampado, mas as labirintites não são, em geral, decorrentes da ATM.

Quem tem labirintite não pode fazer exercícios.
Na maior parte dos casos, a atividade física traz grandes benefícios sim.

É VERDADE

Existem sintomas que não são percebidos como decorrentes da doença.
Sim. São eles: medo de altura, insegurança, falta de concentração, baixo rendimento escolar, indisposição física crônica, comprometimento da postura corporal, alteração na visão, falta de coordenação motora, sensação de desmaio e de pressão no ouvido.

Ginkgo biloba pode ser usado no tratamento.
A planta originária da China é um dos fitoterápicos mais populares do mundo. Como possui substâncias ativas capazes de melhorar a vascularização do cérebro e a periférica, tem sido usada para auxiliar o tratamento de distúrbios de memória, concentração, vertigens, zumbido e tonturas.

Quem tem labirintite crônica deve tomar a medicação prescrita e, antes de viajar, tomar um medicamento para enjôos.
Existe uma alteração bastante comum na labirintite crônica, que é a tontura do movimento (ou cinetose). Ela ocorre quando a pessoa anda de carro, navio, ônibus ou avião. Embora possa ser melhorada por meio de exercícios de reabilitação, o uso de medicamentos é indicado.

Um comentário:

Unknown disse...

Tonturas me ataca de vez em quando, tenho problemas sérios de audição perda profunda bilateral, o que posso fazer para evitar crises de labirintite